“A Balada de Amor e de Morte do Porta-Estandarte Christoph Rilke” foi, segundo o seu autor, escrita numa única noite, em 1899. Rilke insistiu sempre nesta narrativa sobre a génese da obra, apesar de ela ter conhecido três versões diferentes, entre 1899 e 1906. Rilke considerava-a algo imatura; não via com bons olhos as tentativas de tradução da “Balada…”, e nenhuma delas o terá deixado satisfeito. Para o escritor, muito do interesse do texto estaria, justamente, na utilização da língua, da linguagem, das palavras; assim, qualquer tradução deixaria de ser ‘aquela’ obra, ela desapareceria, necessariamente, na sua versão para outra língua. “A Balada de Amor e de Morte…” é um poema constituído por um conjunto de curtos segmentos narrativos, antecedidos por um fragmento escrito num registo declarativo, como o anúncio de um incidente histórico, num tempo que é o século dezassete, e que abre, contudo, o espaço textual para um registo fantástico, interrompido mal começa a ser enunciado. |
Seguem-se 26 curtos textos e um epílogo, que são outras tantas descrições parciais de uma biografia, de um tempo e de um imaginário assentes num universo temático marcado pelo amor, pela amizade, pela guerra, pela viagem, pela relação entre a vida e a morte e, ainda, por um trabalho de escrita que explora as tensões entre a materialidade da palavra e as possibilidades de simbolização da linguagem. É este texto que Maria Duarte e João Rodrigues entenderam recrear sob a forma de espetáculo, no qual a palavra é dita por Maria Duarte; o projeto inclui ainda uma nova tradução do texto original, feita por Bruno C. Duarte, uma edição bilingue do mesmo, e um link para a versão áudio final.» — texto de João Carneiro, no Semanário Expresso de 1/12/2018 a propósito do projecto teatral de Maria Duarte e João Rodrigues.
fotografia de Margarida Dias